quarta-feira, 5 de outubro de 2011

VENCIDO

Brigo com todo mundo tentando salvar o mundo!
Mas quem disse que o mundo quer ser salvo?
Ainda mais dele mesmo.

Será que o mundo é belo porque é imperfeito?
Mas quem foi que disse que defeito pode ser belo?
Afinal, nosso mundo é belo?

Utopia, sinônimo de esquerda?
Direção idiota
Droga ludibriante e alienante daqueles que se julgam intelectuais

Estou cansado!
Decidi não lutar mais
Optei por uma vida fácil
Facilidade essa que sonhos não podem entrar

Há como ser feliz sem sonhos?
Será que sonhos trazem paz?
Será que paz sinonima felicidade?

Sempre pensei que sim,
Que seria feliz se realizasse meus sonhos
Que teria paz nos meus sonhos
Em sonhos reais, não!

Uma qualidade apaga um defeito?
Ou um defeito pode ofuscar uma qualidade?
Mais vale a união de uma grande virtude com grande defeito
Ou um tolerável defeito com uma pouco notável qualificação

Porque o caminho certo é o mais difícil?
Seria difícil se fosse certo mesmo?
Boa determinação: tudo que é fácil é direito!

Viver sonhos é impossível
Ser feliz inatingível
Paz existe?
O que sobrou de bom?

Cansado!
Perdido!
Desesperançoso!
Vencido enfim!!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Atestadite


 
O que leva milhares de pessoas mal intencionadas a um consultório médico de urgência simulando conhecidas patologias de origem profissional?  
Seria o simples desejo de gozar de um dia de folga do enfadonho e rotineiro trabalho sem ser punido? Ou recuperar-se com tranquilidade da ressaca da balada do dia anterior? Ou ainda pior, provocar sua demissão daquele emprego que já passou do período de experiência e assim gozar de quatro meses da mordomia proporcionada pelo seguro desemprego? Alguns simulam com tanta ênfase teatral que preferem permanecer durante horas em observação ou receber doloridas injeções intramusculares a ir trabalhar.  
Profissionais de no mínimo 10 anos de estudos sendo rebaixados a meros atestadores é a rotina nos pronto socorros da grande São Paulo e ainda faz do atendimento àqueles que realmente estão doentes uma espera interminável, já que o sistema de triagem não consegue diferenciar os simuladores e não é permitido negar atendimento de urgência a uma patologia de tratamento ambulatorial.    
Diante dessa infestação tenta-se negar tal beneficio não merecido, mas sempre há insistentes reclamações, súplicas pelo bendito atestado, justificativas como a ilegal recusa da declaração de horas em atendimento por parte do empregador e ainda o pior deles, o argumento de obrigatoriedade brasileira e cômico do “To pagaanu!!”. Diante de tal contexto imagine onde vai parar a paciência e saúde mental do coitado médico depois de 12 horas de atendimento, sem direito a conhecidos benefícios trabalhistas como hora de almoço e pequenos descansos.  
Outra opção bem mais benéfica para a saúde mental do médico seria simplesmente “dar a Cezar o que é de Cezar” e preservar sua paciência, repelir o estresse e ao final do plantão ir embora sereno e tranquilo, porém em contrapartida estaria jogando no lixo seu diploma e junto com ele sua dignidade e seus longos dias de estudo para passar no vestibular e depois na residência médica, também seus esforços em se manter atualizado quanto  aos novos métodos diagnósticos e tratamentos mais modernos e ainda assumindo uma parcela de culpa pelo colápso e falência do sistema previdenciário brasileiro.
Diante deste empasse, eis a questão: dignidade ou paciência?